Sinto falta, e acredito que outros fotógrafos também, de alguns recursos que não são difíceis de implementar. Muitos seriam só pequenas modificações no firmware, que poderiam até entrar como uma atualização de firmware. Se o firmware fosse Open Source, possivelmente até alguns fotógrafos já poderiam ter feito algumas destas modificações.
Adiante eu analiso cada um destes recursos que pensei (Acredito que alguns também tenham sido pensados por outros.), como passos maiores no bracketing de exposição, mais fotos no bracketing, Fast Burst e Fast Bracketing, o Bracketing Dinâmico etc.
Passo maior no bracketing de exposição
O passo máximo de 2 EV de variação de exposição para as câmaras atuais, com nível de ruído atual e faixa dinâmica de 12 EV ou mais, pode ser um limite muito pequeno. Para câmeras digitais antigas, de 8 EV de faixa dinâmica, somar 4 EV era uma grande diferença, mas para as atuais não faz tanta diferença. Com o nível de ruído dos sensores atuais pode-se aumentar este limite, que ainda estará longe do nível de ruído.
Quem faz HDR pode se beneficiar se este limite for aumentado para 3 EV ou até mesmo 4 EV, aumentando o ganho de faixa dinâmica final obtido usando o bracketing da câmera com 3 fotos, de 4 EV para 6 EV ou 8 EV, respectivamente.
Mais fotos no bracketing
O limite de 3 fotos no bracketing é muito pequeno para alguns fotógrafos que fazem HDR. Eu já fiz HDR com 7 fotos, e tenho vontade de fazer até com mais. Existem situações nas quais, mesmo a câmera tendo 12 EV de faixa dinâmica e se somando mais 4 EV do bracketing, ainda se tem uma faixa muito pequena para representar a cena.
Já fui informado que algumas câmeras podem fazer bem mais de 3 fotos em bracketing, mas não tive a chance de usar uma destas.
Bracketing de valores fixos
Este pode ser muito interessante, mas meio trabalho de paciência (aliás, um bom HDR tem uma boa dose de paciência envolvida). Inicialmente, com a ajuda do fotômetro spot da câmera e o zoom da lente (poderia-se até aceitar a troca da lente sem a perda de dados no processo), o fotógrafo faz um conjunto de medições, pedindo que a câmera guarde cada uma delas, até um certo limite. Depois ele coloca a câmera no tripé, ajusta o foco, a abertura, o temporizador etc, e pede que ela faça uma sequência de fotos, usando cada uma daquelas medições.
Onde seria útil? Em casos como este analisado em outro artigo.
Limite de tempo de exposição
Eu acho o limite de tempo de exposição de 30 segundos, que muitas câmeras tem, muito baixo. Para alguns tipos de fotos, pode-se fazer exposições de 5 minutos ou mais. Eu gosto do limite de 60 segundos da minha FZ28, mas tem vezes que acho-o baixo.
O modo B ajuda, mas não resolve. O modo T, que não se encontra facilmente nas câmeras atuais, resolve em muitos casos. Eu usei numa Nikon F2 para fotografar raios, fazendo exposições de 8 minutos. Neste modo, você manda o obturador abrir, e ele só fecha se você der a ordem de fechar. Parece que algumas câmeras modernas fazem isto com ajuda de um cabo ou um controle remoto.
Eu resolvi isto com a compra de um Grip Jenis.
Este é mais um caso no qual uma modificação do firmware poderia resolver. O mesmo quanto ao modo T no botão de disparo. (Pode-se usar atraso para amortecer a vibração do apertar o botão, e tampar a lente antes de apertar de novo para fechar o obturador, segundo critério do fotógrafo.)
Time Lapse
Este é outro recurso que não é complicado de ser implementado. A câmera poderia fazer um disparo, ou uma sequência (bracketing por exemplo), a cada intervalo programado, até uma certa quantidade de disparos.
Este foi um dos motivos que comprei o Grip Jenis.
Fast Burst e Fast Bracketing
Este é um recurso simples de implementar nas câmeras modernas, e não sei por que não foi implementado ainda. Aparentemente pode ser implementado só com algumas poucas modificações no firmware, e poderia até entrar nas câmeras atuais em uma atualização de firmware, mas aparentemente é mais complexo que os recursos citados acima.
A câmera, a cada foto, fecha o diafragma e levanta o espelho, para depois poder disparar o obturador. E se no backeting e no burst, por opção de configuração, ela não fizesse todas estas etapas repetidamente? Digo, ela sobe o espelho e fecha o diafragma, dá a ordem para o estabilizador ótico (se ele estiver ligado) manter a imagem estável, e começa a fazer as fotos, uma atrás da outra, no limite que o obturador, o tempo de exposição e a capacidade de processamento da eletrônica (inclusive a gravação do cartão se for o caso) permitir.
Com este método é possível diminuir o consumo de energia e o desgaste de algumas peças mecânicas, e ainda atingir taxas de burst mais altas. Poderia melhorar a nitidez, pois não tem mais a vibração de tantas partes mecânicas se movendo. O inconveniente é o blackuot, que ocorre no momento do burst, que pode atrapalhar um fotógrafo esportivo fazendo burst da cobrança de escanteio, mas um fotógrafo de paisagem, com a câmera num tripé, não teria problemas com isto.
Como faria todas as exposições em menos tempo, poderia fazer HDR de coisas que podem se mover, ou até que se movem devagar.
A Nikon de D90 tem a opção de subir o espelho 1 segundo antes da foto, e isto poderia ser usado no processo. O espelho sobe e o diafragma se fecha, espera um segundo, e depois faz todas as fotos. Finalmente abre o diafragma e baixa o espelho.
Bracketing Dinâmico
Este seria, de longe, a ideia mais complicada citada neste artigo até o momento (abaixo piora... rs). Para funcionar deve-se marcar 2 limites, um superior e um inferior, nos parâmetros do conjunto de imagens a serem obtidas, e um passo em EV entre cada exposição. A câmera faria uma exposição inicial, com a medição normal para a cena, e verificaria se tem áreas estouradas ou sub-expostas. Caso sim, ela começa uma série de fotos, variando a exposição segundo o passo dado, até atingir os limites configurados, ou limite da máquina.
Vamos imaginar um caso extremo. Um canyon de solo bem escuro, com uma sombra bem escura, com neve em cima batendo um sol forte que não está vertical, digamos às 15:00. Já dá para imaginar a faixa dinâmica que esta cena teria. Quase metade estourada e quase metade sub-exposta. Depois da foto principal, com a medição inicial, a câmera verifica que tem que fazer novas exposições. Ela escolhe um sentido inicial, digamos que o de aumento de velocidade para pegar a parte mais clara primeiro, então ela faz uma nova foto diminuindo o tempo de exposição em um passo de EV pedido e reverifica se ainda tem áreas estouradas. Se tiver, ela faz uma nova foto diminuindo de novo o tempo de exposição em um passo de EV pedido. Ela repere este algoritmo até que atinja um limite (Este limite será explicado adiante.). Depois ela se volta para o lado sub-exposto, aumentando o tempo de exposição em um passo de EV pedido, repetindo o processo até que atinja o outro limite.
Os limites podem ser o número de fotos e um percentual da imagem estar dentro de uma faixa de exposição. Por exemplo, só posso fazer 4 fotos aumentando o tempo de exposição e 3 diminuindo como limite de número de fotos, mas o outro limite seria menos 2% da imagem estar super-exposta e menos 3% dela estar abaixo de um certo patamar. O primeiro limite atingido pararia a sequência.
Colocando alguns números. Digamos que foto principal, de partida ou referência, foi com 1/100 s, e o passo foi de 2 EV. A segunda foto seria com 1/400 s, e poderia ter 27% de área super-exposta. A terceira foto seria de 1/1600 e teria 13% de área super-exposta. A quarta foto teria 1/6400 s (digamos que a câmera é capaz de fazer 1/8000 s, caso contrário seria o máximo que a câmera é capaz de fazer e a sequência seria interrompida) de tempo de exposição e tem 5% de super-exposição. O critério de limite de fotos foi atendido, mesmo o limite de área super-exposta não sendo, portanto a sequência para. Agora começa a sequência para fazer as fotos das áreas sub-expostas. A primeira seria com 1/25 s, e a foto poderia ter 33% de área com imagem abaixo do limite. A segunda seria com 1/6 s, e teria 8% abaixo do limite. A terceira seria com 1/1.5 s, e teria 1.3% abaixo do limite, que então já atendeu aos critério de parada. Mesmo tendo direito a fazer mais uma foto, ela não precisa, pois o outro critério foi atendido.
O inconveniente deste método é que ele implica na colocação de muita automaticidade na câmera, e de algoritmos mais complexos do que os indicados antes, mas pode ser mais complexo ainda...
Bracketing Dinâmico pré-avaliado
Se a câmera tiver algum tipo de fotômetro que possa avaliar a cena toda, como as Nikon parecem ter, ela pode avaliar uma dispersão entre os tempos de exposição para atender, com o mínimo de fotos possível, toda a faixa dinâmica da cena, sem passos de EV pré-definidos. Isto geraria a quantidade mínima de imagens necessárias, em alguns casos tendo vários EVs entre as fotos. Mas métodos automáticos, quando erram, podem ser desastrosos.
Um parâmetro que poderia ser colocado é o EV máximo que poderia ter entre duas fotos, para amenizar os erros, mas a câmera poderia, em alguns casos, acabar fazendo uma foto completamente desnecessária só para atender a este critério.
Conclusões
Com estes recursos a câmera se tornaria a câmera dos sonhos de muitos dos fotógrafos de paisagem, e especialmente, de fotógrafos amantes de HDR. Mas mesmo alguns destes recursos, os que não são complicados de implementar, como o maior passo máximo de EV no bracketing e mais fotos no bracketing, e maior tempo máximo de exposição, já me fariam mais feliz.
"Se o firmware fosse Open Source, possivelmente até..."
ResponderExcluirNão sei se é do seu conhecimento, no universo Canon existe algo parecido, mas nunca tive a oportunidade de testar e vem ao encontro do que você falou, é o "CHDK Wiki" http://chdk.wikia.com/wiki/CHDK
Boa sorte,
Sansão Mendes.
"Time Lapse"
ResponderExcluirEsse recurso já vem no firmware da irmã mais poderosa da D90, a D3. Sei que não vai acontecer, mas custa nada sonhar em uma atualização que implemente essa função na D90. Até lá vou me virando com esse acessório: http://satechi.com/Satechi-TRM-Timer-Remote-Control-for/M/B001QSG4R8.htm
Boa sorte,
Sansão Mendes.
Eu uso o Grip Jenis, e escrevi um artigo no blog sobre ele.
ResponderExcluirEu já li sobre o CHDK, e achei interessante. Não parece ter para todas as câmeras, e nem o apoio da Canon.
ResponderExcluirAcho que um fabricante menor, como a Sigma, poderia fazer a experiência de uma câmera Open Source. Ira chamar a atenção da comunidade Open Source, que não é tão pequena quanto pensam, e abriria um mundo novo de possibilidades. Quando viessem grandes frutos desta iniciativa, outros fabricantes poderiam correr atrás.