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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lições que o Google Android não aprendeu com o Palm

Quem tem um Celular, ou algum outro dispositivo com o Google Android, e já teve ou ainda tem, como eu, um Palm, deve sentir falta de um bando de coisas. Tiveram algumas lições do Palm que o Google Android não aprendeu.

A "canetinha"

Para quem não sabe, era o acessório usado pelos Palms para tocar na tela sensível ao toque. Funcionava também com o o dedo, a unha, e muitas outras coisas, mas a canetinha dava uma grande precisão no toque. Permitia barras de rolagens, botões pequenos, teclados virtuais precisos etc. O Android tem um outro método de rolagem, que é bem legal, e permite que as barras de rolagem só passem a ser um mero indicador de posição, sem realmente a função de rolagem. Mas a canetinha é insuperável em aproveitamento de tela, pois permitia botões pequenos, telas limpas etc.

Já que não se tocava na tela com a mão, ela fica sempre limpa, e não a lambança de suor que fica quando se toca o dedo.

Instintivamente, mesmo com os vendedores tendo avisado, eu toquei a tela do meu  Smartphone com um objeto numa das primeiras vezes que tive ele na minha mão, ainda na loja, como faço com o Palm. Não funciona. Que pena.

A desvantagem da canetinha é que muita gente a perdia. Eu perdi uma vez dentro do supermercado, mas acabei achando-a. O cuidado com ela faz parte do meu cuidado com o meu Palm.

Escrita

O Palm tinha o teclado virtual, o graffiti e o teclado externo opcional (ver adiante). O teclado virtual, com a ajuda da canetinha, era prático e relativamente rápido de escrever, quase sem erros. Mais prático do que os teclados para se usar o dedo, ou os teclados incorporados nos Smartphones.

O Graffiti era um alfabeto para ser usado em uma área sensível ao toque. Muitas letras eram realmente parecidas, quando não iguais, à forma que se escreve letras à mão. É ótimo para anotar pouca coisa rapidamente. Também se usava a canetinha para isto.

Comunicação Infra Vermelho

Ela surgiu no Palm III e foi uma das coisas mais legais do Palm. Com ela você podia transferir rapidamente dados, anotações, compromissos, notas da agenda de telefones, e até programas, para outro Palm. Você poderia transferir quase qualquer coisa que estivesse no Palm. E bastava apontar para o Palm destino e enviar. O destinatário só precisava aprovar o recebimento. Nada de configurações, interferências de RF, problemas de segurança de dados etc. Era só selecionar, apontar, mandar, e o outro aprovar o recebimento.

Isto permitiu criar um cartão de visitas eletrônico, com os seus dados, que podia ser enviado rapidamente de um Palm para outro, sem usar cartões de papel.

Existiam programas que estendiam o uso do infra-vermelho. Eles simulavam vários tipos de controle remotos, e chegavam a ter uns configuráveis, nos quais você desenhava um teclado, e depois programava para simular as teclas dos controles remotos. Na fase de programação você apertava a tecla simulada no Palm, e apertava a real no controle remoto, que estaria apontando para o Palm. Ele fazia uma leitura e depois repetia o que leu quando a tecla simulada "era apertada". Com isto o seu Palm podia realmente se tornar o controle remoto de boa parte dos seus aparelhos.

Agenda

O Palm se baseou no conceito de agenda, e era bom nisto. Por isto que ele era um PDA (Personal Digital Assistant). Nele você poderia organizar compromissos, agendas de telefones, fazer anotações, lista de afazeres (To Do List) etc. Eu escrevi boa parte de um livro usando as anotações, e terminei no computador.

O Palm teve uma grande gama de programas, tal como o Google Android e o iPhone tem. Eram jogos, programas para listas de compras de supermercado, programas para backup, programas alternativos de agenda, programas de edição de texto, simulador de controle remoto, calculadoras etc. Alguns pagos e alguns gratuitos.

Teclado externo

O teclado externo dobrável também era algo muito legal. Pena que não comprei o teclado para o meu Zire 72s. Com ele podia-se aumentar a produtividade das anotações. Eu usei muito o do meu Palm IIIc em praças de alimentação de shopping centers quando escrevia o meu livro.

Em parte os sub-notebooks resolveram isto, mas não foi por completo.

Já vi algumas versões de Tablets com um bom teclado. O meu Smartphone tem teclado, mas não é a mesma coisa.

Popularidade e História

O Palm chegou a dominar mais de 70% do mercado, Os concorrentes eram basicamente a HP e a Compaq, com PDAs usando Windows CE, chamados Pocket PC.

O Palm foi tão popular que vi um usuário de um concorrente, em uma reunião na qual todos tinham Palm, falar: "Me sinto dono de um Betamax.".

O Palm era muito comum entre pessoal técnico, Nerds, Geeks etc. Muitas pessoas que gostavam de tecnologia, e conheciam a praticidade dele, também aderiram. O Android tenta pegar muita gente da área técnica, como usuários leigos.

Mas a Palm falhou na fusão de PDA e telefone celular, em criar Smartphones PDAs, não fazendo bem a transição, e ainda na evolução do sistema, que parece não ter se tornado muito atrativo. Com isto ela foi perdendo mercado, deixando um certo vazio. Muitos dos usuários de Smartphones parecem não terem entendido o que realmente é um PDA, vendo o Smartphone como um brinquedo que faz ligação telefônica. O Palm era mais do que um brinquedo, e um Smartphone não é necessariamente um PDA, mas nem todos entenderam isto.

Por limitações do sistema, e de entendimento dos desenvolvedores da importância que ele estava ganhando e os rumos que o mundo tomavam, ele entrou tarde na era do Wi-Fi, no TCP/IP, da Internet etc, e quando foram resolver isto era tarde. Acho que o Palm nasceu com uma pretensão, mas cresceu além da visão dos seus criadores, e talvez pelo fato de ter mudado de mãos várias vezes (Criado pela US-Robotics, que foi comprada pela 3Com, e depois a divisão da Palm foi transformada em uma empresa separada, e depois dividida em duas, a de hardware e a de software.) a fez perder o rumo.

Atualmente as páginas da Palm levam para a página da hpwebos, que é da HP, que outrora fora concorrente da Palm com Pocket PCs. A HP adquiriu a Palm, e o deu continuidade por um tempo, mas sem mais ter a importância que outrora tinha tido no mercado. Assim a HP anunciou o fim do WebOS.

Acho que faltou um Steve Jobs na Palm. Se tivesse pode ser que o iPhone e o Google Android não existissem.

Conclusões

Google Android é mais brinquedo, apesar de eu ter instalado um cliente de ssh e programas de varredura de wireless. Ele não é um PDA. Palm me parece mais sério, e merecedor de ser chamado de PDA.

Muitos Smartphones não são telefones celulares práticos. Eu acho o meu, o Motorola MB511, o Cube, meio desajeitado.

Finalizando

Apesar de ser o dono de um Smartphone, eu ainda não abandono o meu Palm. O que fez com que ele perdesse parte da importância na minha vida foi o fato da bateria ter ficado ruim, e não a aquisição de um Smartphone. Os dois tem funções bem distintas.

Uma coisa que me deixaria muito feliz é poder trocar a bateria do meu Palm e voltar a ter a autonomia de uma semana de uso, e não de 24 horas em stand-by. Se alguém souber como resolvo isto, onde consigo a bateria para trocar, ou tiver alguma outra solução, coloque nos comentários e ficarei grato.

7 comentários:

  1. Excelentes observações. Tive 3 palms, atualmente utilizo o Smartfone Palm Centro, que é muito bom. Estou tentando substituir o palm, tenho um sansung galaxy com android, mas por enquanto ainda estou preferindo o palm pelos motivos citados por você.

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  2. Eu estou tentando recuperar o meu que está c0m problemas de bateria, e ainda, talvez, arranjar um de backup.

    Acho que não existem mais PDAs à venda. O meu Zire 72s é o meu segundo. O primeiro foi o Palm IIIc, que usei por 4 anos e meio, e já estava com problemas de bateria e mau contato no conector com a base.

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  3. Puxa, lendo isso vejo porque estou aqui triste com o meu galaxy ace. ele é muito legal, mas como não sou cibernética, internética, ou socialhubnética (risos), o que sinto falta mesmo é da minha agenda e gerenciador de tarefas, aniversários, to do, etc do palm, fantástico. Achei que ia ter o mesmo no meu smartphone, mas agora já sei que não vai dar. Obrigada pelos esclarecimentos. Vou comprar outro palm, o meu palm centro pifou e não tem conserto... Uma pena. Vanessa AB, SP.

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  4. A meu ver, as tecnologias evoluem.

    Infravermelho, em gadgets, foi substituído por tecnologias melhores, como bluetooth e wifi. Controlo completamente minha TV, com meu Samsung Galaxy SII, via wifi, de maneira muito interativa. Seleciono vídeos no meu Smart e, com um toque, jogo a imagem pra TV, não importando o lugar da casa em que esteja. Arquivos, de qualquer tipo, compartilho com outros smarts, via Bluetooth.

    Em meu Smart, é possível utilizar "canetinhas" para tocar a tela, fazer desenhos, caricaturas, entre outros. E a precisão é incrível. Existem vários tipos de canetinhas, com variadas pontas (borracha, silicone, rígida, mole) pra atender o gosto do usuários.

    A escrita em Smarts com teclados virtuais, com uso da tecnologia Swype, é muito alta. Exige um pouco de treino, mas depois, é a melhor maneira de se escrever em dispositivos compactos. Sou escritor e desenhista, e escrevo trechos enormes de livros com o swype, de maneira muito rápida. O único meio que supera a agilidade do Swype é escrevendo em teclado normal. Já usei PALM, e era fã de teclados qwert pequenos pra digitação. Mas depois do Swype, não volto mais.

    Com relação a Agenda, faço uso do Google Calendar, que funciona de maneira online e offline. A sincronização com o server é automática. A minha lista de contatos também é sincronizada com o Google Contacts. Todas as alterações que faço no smart, é refletida no meu notebook, de maneira ubiqua.

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  5. Nenhuma das duas tecnologias citadas conseguem, nem de perto, substituir s praticidade o infravermelho. Imagine que um amigo, do seu lado, pergunta "Tem o telefone do fulano", você responde "Procurando... achei... aponta aí...", um aponta o dispositivo para o outro, e o eu amigo responde "Manda.", você clica em enviar e ele em receber, e segundos depois está terminado. Sem ter que um achar o outro, sem ter que ligar transmissões, sem ter que configurar nada etc. Só apontar, clicar, e o outro lado clicar em receber.

    Quase nenhum smart phone atualmente aceita canetinha, pela minha experiência.

    O Swype é tal como o Palm Os Graffiti? É um alfabeto de escrita? O meu smart phone parece não ter isto. Eu usava o tecladinho, mas adorei no Palm Zire 72 o fato do tecladinho virtual não desabilitar o Graffiti. Escrevi um livro, em boa parte usando o meu Palm IIIc, com o teclado virtual e boa parte no teclado dobrável.

    Agora tem um meio de sincronizar os meus 11 anos de Palm no Google? E o que faço quando não tiver sinal de celular?

    Eu não digo que o Palm é melhor em tudo, mas ele ainda tem coisas que o Android não tem.

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  6. Você pode trocar a bateria do Palm soldando os fios em uma bateria de celular de 3,7 volts que tenha dimensões compatíveis com o seu modelo de Palm. Fique atento à polaridade correta da bateria. No meu, um Tungsten E2, troquei por uma bateria pequena de Nokia. Infelizmente acabei deixando de usá-lo faz algum tempo, mas ficaram boas recordações. Agora estou procurando por programas equivalentes aos do Palm para uso no Android, para transferir minhas informações do PDA para o Smartphone de forma prática (Compromissos e anotações do Calendário, Contatos e suas anotações, Tarefas, Memos e as Anotações gráficas escritas na tela com a caneta).

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    1. Eu também ficaria feliz em ter as funções transferidas. Eu tenho quase 13 anos de anotações no meu Palm.

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