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sábado, 20 de agosto de 2011

Monitores LCD versus CRT, alguns aspectos, e sobre substituição tecnológica

Atualmente quase a totalidade de monitores e TVs que são vendidas é de LCD ou Plasma, mas eles realmente são superiores ao CRT (Tubo de Raios Catódicos, também conhecido como Tubo de Imagem) em tudo?

Uma tecnologia nova, quando substitui uma antiga, realmente está pronta para isto?

Por experiência própria, muitas tecnologias substituem tecnologias anteriores antes de serem capazes de superarem as anteriores, e sem nunca serem capazes de superar a anterior em todos os aspectos. Um exemplo é lâmpada Fluorescente, que mesmo à décadas no mercado, foi incapaz de substituir completamente a incandescente, e ainda perde para ela em alguns aspectos e usos especiais, principalmente em preço e simplicidade. Um exemplo é a câmera digital, que só atingiu um nível de qualidade de imagem do filme depois de anos sendo mais vendidas que as câmeras de filme, mas ainda tem casos que o filme pode ser mais indicado do que uma câmera digital.

O que faz uma tecnologia predominar sobre uma outra? Muitos aspectos, como facilidade de acesso à ela, preço, praticidade de uso, moda, propaganda etc.

A câmera digital foi um caso de praticidade, quando uma tecnologia predomina sobre a outra por causa da praticidade. Muita gente já tinha computador para ver e armazenar as fotos, mas a qualidade ainda era sofrível, porém a resolução já superava os monitores de vídeo na época, tornando esta limitação de qualidade menos importante para o usuário comum. As câmeras digitais eram muito usadas a 10 anos atrás por amadores. Os fotógrafos profissionais ainda usavam filme, por inércia de mudança, por qualidade de imagem etc, mas pelo que eu sei, os fotojornalistas foram os primeiros fotógrafos profissionais a adotarem a fotografia digital, pois a praticidade de fazer a foto e logo enviar para a redação, sem ter que passar por um laboratório de revelação, e podendo estar até do outro lado do mundo, foi o que os atraiu.

A lâmpada incandescente é imbatível em matéria de simplicidade e preço baixo a curto prazo, e é por isto que ela sobrevive até hoje. Não se pode usar dimmers (reguladores de intensidade de luz) em lâmpadas fluorescentes, mas em incandescentes pode, e, mesmo este sendo um dos usos no qual as fluorescentes não conseguem competir com as incandescentes, a grande maioria das lâmpadas incandescentes não é usada com dimmers. O que a torna predominante? Simplicidade de uso, ser compacta, barata etc. As fluorescentes compactas nasceram para competir com as incandescentes em nichos no qual a fluorescente convencional não consegue, como simplicidade de instalação.

Eu poderia falar coisas parecidas sobre multímetros e osciloscópios analógicos e digitais, e se trabalhasse com eletrônica, usando os digitais no dia a dia, eu iria querer ter uns bons analógicos como trunfo guardados no armário.

A história dos monitores CRT versus LCD tem vários aspectos curiosos também. No início os monitores LCD eram muito caros (Eu me lembro de ver a R$ 3600.), e só justificavam quando a necessidade de espaço ou de economia de energia eram fundamentais, mas muita gente comprou por moda. A qualidade de imagem era ruim, e tinham problemas com linhas verticais que não ficavam retinhas, por problemas de sincronização com os sinais de vídeo analógicos. O tempo de resposta era ruim. A reprodução de cores era ruim, e assim surgiu o nicho dos monitores à plasma, que tinham uma melhor reprodução de cor e menor tempo de resposta. Atualmente eu só usaria estes monitores LCD antigos em servidores Unix, sem modo gráfico, tal como usaria um monitor monocromático. (Tem usos nos quais um monitor colorido não se justifica, e os monocromáticos funcionam melhor, mas não se acha monocromáticos à venda, pelo menos facilmente e barato, então temos que nos contentar com o colorido mesmo. Mais um caso curioso sobre substituição de tecnologia.)

Os LCDs evoluíram, baratearam, passaram a consumir menos energia ainda com a adesão do LED no back light. Passaram a sincronizar melhor com os sinais analógicos. Controladoras de vídeo passaram a ter interfaces DVI, que podem se comunicar melhor com eles. E muito mais coisas. Mas talvez ainda não tenham chegado à qualidade de um CRT de boa qualidade. Talvez ainda não superem em algumas particularidades.

Monitores CRT de baixa qualidade atualmente tem um dot pitch de 0.27 mm. Alguns bons, como o meu LG Flatron Ez T710SH, tem de 0.20 mm. Com a área de 325 x 244 mm eu teria a capacidade de mostrar até 1625 por 1220 pixels, quase 2 Mega pixels, mas o resto da eletrônica impede isto. O arranjo de fósforos da tela permite um efeito interessante, que faz com que funcionem bem em muitas resoluções, mesmo com as que não são divisoras inteiras da resolução natural da tela mencionada acima. Eu costumo usar  este monitor em 1024 x 768, e principalmente em 1152 x 864, e funciona muito bem. Monitores LCD costumam só funcionarem bem na sua resolução natural. Faça um teste, mudando só um pouco a resolução da tela de um computador com monitor LCD, tipo, de 1280x960 para 1024x768, e veja como ficam as linhas e as letras.

Fazendo uma pesquisa rápida pelo que existe no mercado, vi que o dot pitch dos monitores LCDs de 19 polegadas é maior, portanto inferior, ao meu monitor, portanto, para mim, não é vantagem fazer a troca por um de 19 polegadas. O único monitor de 19 polegadas que me interessa é o Samsung 997DF, de CRT com dot pitch de 0.20 mm, ou a sua versão anterior, o 997MB, e tem que estar em muito bom estado. Eu perdi a chance de ter um destes novo a um bom preço.

Os monitores LCD de 20 polegadas quase começam a ficar interessantes, pois ganho resolução na horizontal, ganhando um pouquinho na vertical, mas o dot pitch de um monitor de 20 polegadas que faça 1600x900 Widescreen é de 0.2767, o mesmo de um CRT ruim. A vantagem é que eu poderia sentar um pouco mais longe do monitor e iria baixar a minha conta de luz.  Monitores de 22 polegadas Full HD, 1920x1080, começam a ficar interessantes, pois tenho um ganho razoável de resolução na vertical, e um grande na horizontal, mas o dot pich continua sendo de um monitor médio, 0.25 mm, portanto posso sentar mais longe. Uma coisa curiosa é que o monitor LCD mais caro, na faixa de tamanho de 20 a 22 polegadas, listado na pesquisa de preços do Boa Dica (dia 20/08/2011) é mais barato do que o mais baixo preço que eu soube para um Samsung 997DF. O pouco peso dos monitores LCD, menores dimensões físicas, o pouco uso de vidro etc, deve baratear a produção, o transporte etc.

Uma coisa interessante é que no monitor CRT o sinal é todo analógico (Existiram digitais na década de 1980, os CGA e EGA por exemplo, mas eles tinham um conversor D/A, Digital-Analógico, embutido dentro.), e o sinal que vai para o canhão do tubo de imagem é proporcional ao sinal que sai do conversor D/A da controladora de vídeo. Internamente a controladora de vídeo trabalha com informações digitais dos pixels, mas um conversor na saída transforma em analógico. Neste conversor poderia-se fazer um bando de coisas, e parece que muitas controladoras fazem, como mudar o gamma. O monitor analógico acompanha as mudanças pequenas nas cores, pois tem quase uma ilimitada capacidade de representar valores intermediários. Ele tem um valor mínimo e um máximo, mas dentro destes limites tem uma infinidade de possibilidades. Se a controladora de vídeo trabalhasse com 10 bits/cor/pixel, e colocasse isto num D/A adequado, dentro dos limites mínimo e máximo do monitor, ele representaria. Se fossem 12 bits/cor/pixel, ou 16, respeitando os limites, ele tenderia a acompanhar.

Pelo que eu sei, o monitor LCD trabalha de forma totalmente digital. O sinal de vídeo analógico é digitalizado em 8 bits/cor/pixel, portanto ele não acompanha variações da mesma forma que um monitor analógico acompanharia. Não sei como ele acompanha as sutis variações que um monitor CRT é capaz de companhar. Não sei como a interface DVI envia as nuances configuráveis para o monitor. Desaconselho usar a interface analógica se for usar à sério um monitor LCD, pois o sinal passará por uma D/A e depois por um A/D, o que pode introduzir erros de amostragem, de conversão, ruídos etc.

É uma pena que agora só se encontre monitores CRT de baixa ou média qualidade, os baratos, à venda. Pelo menos, os que se acha facilmente. Quem precise de um bom tem que recorrer ao mercado de usados e ter sorte. Talvez isto tenha sido para ajudar a impor a nova tecnologia, e também talvez pelo fato que muitos usuários dos bons monitores, não os compravam reconhecendo-os como bons, mas sim, como símbolo de status, e como CRT deixou de ser moda, então não é mais símbolo de status. Assim compram um grande monitor LCD sem saber que ele pode ser tecnicamente inferior ao CRT que jogou no lixo, encostou no armário, brincou de implodir o tubo, deu para alguém (alguém sortudo) etc.

Uma coisa que dá para notar com tudo que expliquei acima é que uma tecnologia nova, e bem diferente, nem sempre substitui completamente a antiga, especialmente em todas as suas funcionalidades. Por ser bem diferente, pode superar em muitos aspectos uma tecnologia antiga, e com um grande grau de sucesso, senão não vingaria, mas isto não implica que supere completamente, em todos os usos, todas as capacidades, todas as funcionalidades etc. E ainda, uma tecnologia nova se tornar hegemônica, dominar o mercado, antes mesmo de superar aspectos importantes da uma tecnologia antiga. Podem ter aspectos inerentes às tecnologias que tornem impossível, ou muito difícil, a nova nunca superar a antiga em todos os aspectos.

Notas finais

Se alguém tem um Samsung 997DF ou um 997MB em perfeitas condições encostado, ocupando espaço, acumulando poeira etc, ou coloque em uso, ou se lembre que posso aceitar uma doação.

Sobre a campanha pelo banimento da lâmpada incandescente, eu sou contra, mas não sou à favor do uso irresponsável dela. Acho que a lâmpada incandescente tem que continuar no mercado, mas ela tem que ter uma qualidade bem melhor, ser mais durável, mais resistente e bem mais cara, para só ser usada quando realmente for necessária.

6 comentários:

  1. João, esqueceu apenas de comentar que a pior coisa de um CRT é o raio X emitido, isso afeta os olhos, é por isso a recomendação de não se setar muito próximo às televisões ou monitores de CRT

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  2. Os Raios X são emitidos pela desaceleração brusca de elétrons na tela, se não me engano. Atualmente não é muito alto, já que não exageram muito na alta tensão, mas já ouvi boatos de TVs muito antigas que tinham este problema.

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  3. Seria legal você comentar alguns modelos de monitor atuais que conseguem manter uma qualidade interessante pra fotografia. Eu me contento com um iMac (que sei que não o ideal para isso, mas funciona) então sempre que me perguntam fico boiando pois estou por fora dos modelos adequados. Se de repente escrever sobre isso pode confiar que vou indicar o link, pois a galera vive perguntando isso lá no DDF (ah, se quiser fazer mais um guest post tbm é bem vindo!)

    Bjos

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  4. Você achou e colocou no twitter o artigo que eu ia procurar: http://blog.geraldogarcia.com/index.php/2009/06/avaliacao-do-monitor-dell-2209wa/

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  5. Vi uma mensagem do Geraldo Garcia indicando a página dele de artigos sobre monitores, no blog dele.

    http://blog.geraldogarcia.com/index.php/category/cameras-e-equipamentos/#axzz1W9ZImzBQ

    Lá tem análise de monitores LCD de alta qualidade.

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  6. Apenas avisando, há diveros 997MB em bom estado sendo vendidos no ML!

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