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domingo, 19 de agosto de 2012

Canalhas e otários no Facebook

Sei que o título é ofensivo, e em parte é para ser, além de ser verdade.

Existem muitos canalhas espalhando mentiras, correntes, "Facebook ajuda se você compartilhar", criancinhas doentes etc, se aproveitando da compaixão das pessoas, falsas citações, e fazendo-as de otário. E as pessoas caem nisto, sendo otárias, ingênuas. Estes canalhas se aproveitam da ingenuidade das pessoas de diversas maneiras. Abaixo vou falar de algumas delas.

Dinheiro do Facebook

O Facebook informa que não dá qualquer quantia, nunca deu, e nunca dará, por qualquer ação feita pelos seus usuários, seja compartilhar, curtir, comentar etc, mas as pessoas continuam caindo nestes golpes.

Este tipo de corrente de mal gosto é feita normalmente com fotos de crianças doentes ou gravemente feridas, para criar comoção das pessoas, se aproveitando não só da ingenuidade, como também da compaixão das pessoas.

Não sejam otários, pois quase sempre a história espalhada é uma farsa. Aliás, existem casos que as fotos são antigas e as crianças estão bem atualmente.

Crianças doentes

Existe uma variação mais leve das correntes citadas acima, que falam de crianças doentes. São familiares, mães etc, pedindo ajuda.

Uma vez recebi no Orkut um pedido de ajuda sobre um bebê doente, mas que tinha o perfil da mãe anotado. Fui verificar. A recém nascida doente já estava com 2 anos e muito saudável. Ela comentava no perfil que ainda recebia contatos, mesmo dois anos depois de ter enviado o apelo. Eu avisei a esta amiga que a criança já estava bem, que ela deveria ter verificado a história, e que agora deveria mandar uma mensagem a todos os amigos dela informando para desconsiderar o apelo que ela repassou.

Mesmo tendo como confirmar a história, as pessoas não o fazem. A dica aqui é confirmem. Se não tem como confirmar, não dê crédito, ignore.

Desaparecidos

A nova onda é a de pessoas, especialmente crianças, desaparecidas. É bom verificar a veracidade da história antes de compartilhar. A mensagem tem que ter um telefone para confirmar, e uma página para confirmar a notícia e se a pessoa apareceu etc. Primeiro, como informar se achou uma pessoa se não tem telefone ou e-mail de contato? Se não tiver contato, só vai ter a polícia para informar que achou a pessoa desaparecida.

Liguem para o telefone ou mandem um e-mail para o endereço que aparece no anúncio antes de compartilhar, para verificar a veracidade. Pois o telefone pode ser de qualquer um, isto se existir. O mesmo pode acontecer com o e-mail.

Fotos bonitinhas

Algumas pessoas pegam imagens bonitinhas e espalham. Tem vezes que a imagem/foto não é dela, e nem dão os devidos créditos da imagem.

Sim, é muito legal ver uma foto linda, uma imagem linda etc. Eu já tive fotos muito compartilhadas, e isto me deixou feliz.

Mas as pessoas leem a legenda da foto que estão compartilhando? Poucas. Algumas destas legendas são propagandas de sites e produtos. Então a pessoa que compartilhou só por que achou a imagem linda está fazendo gratuitamente propaganda de alguma coisa sem se darem conta. E ainda, podem estar compartilhando a imagem furtada de alguém.

Já vi um político que usou uma imagem linda, tirada do perfil de um fotógrafo,  para criar simpatia para o perfil dele na campanha eleitoral. O tiro saiu pela culatra, pois ele teve que colocar veementemente a autoria logo depois, mostrando que tinha pego de outra pessoa.

Falsas citações

Outra coisa comum são as falsas citações, que já até receberam engraçadíssimas contestações, como a da Cecília Meireles, se não me engano. E ainda, Dom Pedro I e Dom Pedro II falaram que não se pode acreditar nas citações que aparecem pela Internet.

Não acredite nos créditos das citações. A citação pode ser de outra pessoa, ou até algo inventado por quem fez a divulgação, que colocou em nome do outra pessoa para ganhar credibilidade.

Algumas das falsas citações que já vi eram de Einstein falando que acreditava em deus. Esta é um tipo de farsa antiga, datando de antes da Internet. Acho que desde antes da morte de Einstein já tinha gente dizendo que ele era religioso. Na realidade ele era agnóstico.

Massacre de animais, e outras coisas revoltantes

O sentimento de revolta das pessoas também é usado, e muito. Mas geralmente a legenda da foto é falsa. Não é a verdade sobre o fato. O caso foi outro, não é real, é montagem etc. Sempre duvidem, pensem, sejam céticos.

Mas qual foi a gota d'água?

O que me levou a escrever este artigo? Foi a seguinte foto que me foi compartilhada pelo Facebook, vinda do perfil Jornal do Face:


Ela mostra várias coisas, entre elas, como é fácil criar uma farsa revoltante e difamatória, podendo arruinar a vida de alguém. Alguém que não dá a mínima para a outra pessoa, para a vida, para a honra etc, de outra pessoa pode adulterar uma foto e criar sérios problemas para esta pessoa. As pessoas que acreditam em qualquer bobagem que dizem, não suspeitam da situação, neste caso acabariam julgando uma inocente como culpada.

Este é um nível de canalhice muito alto, fazendo as outras pessoas de otários, sem dar a mínima para quem está caluniando.

Mas outra coisa também me revoltou. Ver uma propaganda em uma mensagem de alerta. Pensei. Será que não foi a próprio patrocinador que aparece na imagem que criou a imagem, com a foto real e a farsa (que muito bem pode também ter sido feita por ele), para criar algo revoltante para as pessoas espalharem, e assim ter o seu nome divulgado? Sim, é plenamente possível alguém criar uma campanha desmascarando uma farsa só para fazer anúncio.

Primeiro se cria uma farsa, que pode ou não ser espalhada. Por motivos legais pode não espalhar. Depois cria uma campanha denunciando a farsa criada, e anexa a sua propaganda nela. É uma grande canalhice e de muito mau gosto. Alguns jornais fazem coisas assim para vender mais.

Resolvi investigar mais a fundo, indo ver o perfil Jornal do Face. Encontrei mais propagandas no meio das fotos, como a da campanha incentivando o convívio das crianças com animais, a mensagem de um cachorrinho desaparecido que foi encontrado, um viva sexta-feira etc.

Então a propaganda é algo rotineiro do patrocinador do perfil, mas de certa forma de gosto duvidoso por se aproveitar das campanhas. Isto também implica que não é totalmente legal. Quando o patrocinador associa o nome dele à imagem de alguém, à foto de alguém, ele passa a dever direitos de imagem à esta pessoa e direitos autorais a quem fez a foto. Se ele não pegou as devidas autorizações pode ser processado. É um simples caso de uso comercial, e acho que é causa ganha em tribunais. Ele mesmo pode estar agindo de má fé, ou de forma ingênua, ao fazer este tipo de propaganda.

Aliás, quando alguém espalha uma foto linda, e na legenda coloca uma propaganda, passa a dever direito autoral para o autor da imagem, e se aparece alguém em destaque, passa a dever direito de imagem também. O simples fato de ter feito propaganda usando a imagem que já caracteriza uso comercial. Se o fez sem dar os devidos créditos pela foto, é mais grave ainda.

A minha sugestão é a empresa que está anunciando no perfil Jornal do Face pedir desculpas, parar com este tipo de anúncio, e se disponibilizar para fazer acordos com as pessoas que aparecem nas fotos e os autores das fotos, iniciando o contatos sempre que possível. Nem todos vão cobrar pela propaganda.

Metodologia científica e senso crítico

O que falta em muita gente é um forte senso crítico, é ter a mentalidade científica. Metodologia Científica é uma das coisas mais importantes que se aprende em aulas de filosofia e de ciências, mas poucos prestam atenção nisto.

Não acreditem em algo por que alguém disse que é assim, por que está escrito em algum lugar. Nem tudo que falam ou que está escrito é verdade. Sempre pensem: Isto está certo? Como posso verificar? Qual foi o método usado para poder afirmar isto? Isto foi verificado? Isto atende aos interesses de alguém?

A foto do link adiante resume lindamente as atitudes que as pessoas deveriam tomar antes de compartilhar qualquer coisa: Think. Só não sei onde e quem começou esta campanha, quem é a menina, nem quem fez a foto.

Mentes pensantes e críticas são perigosas, não só para os vigaristas, mas também para governos, chefes idiotas, religiosos, religiões, para a propaganda, e para todo aquele que gosta de usar a credulidade humana para obter alguma forma de poder.

Bibliografia

www.e-farsas.com

5 comentários:

  1. Atualização. Abaixo tem mais uma versão desta foto.

    https://www.facebook.com/photo.php?fbid=277723282343238&set=a.126956790753222.24059.100003167052000&type=1&ref=nf

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  2. mary linda e maravilhosa (Ceara)15 de novembro de 2012 às 21:23

    ja aconteceu comigo toda galera compartilhando a foto de um cara que sumiu, e a familia apelando para todos compartilharem, antes de compartilhar fui atras de investigar se era verdade,e era só que o cara ja tinha sido encontrado morto e povo dizendo q ia orar por ele, compartilhar e ajudar um caso que ja estava perdido, dai peguei um link da de uma reportagem falando sobre o caso e postei pra toda galera, so assim eles pararam de compartilhar algo que nao tinha mais resultado.

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    1. As pessoas são crédulas demais. Não confirmam, não duvidam, e já acreditam.

      Gurus e pastores vigaristas adoram este tipo de pessoa.

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  3. Achei este artigo no e-farsas justamente sobre esta foto, e ele não me convenceu.

    http://www.e-farsas.com/foto-de-garota-apontando-arma-para-um-bebe-e-polemica-na-web.html

    Segundo eles, a foto com o pássaro é falsa, e nisto foram convincentes. Mas não estou totalmente convencido que a foto original seja a da arma. A parte sem a arma parece "lisa", sem erros de codificação do JPEG, como de certa forma eles mostram, mas isto não é o suficiente, pois estes erros acontecem bem mais por volta das bordas.

    Notei uma coisa, a sombra da parte que envolve o gatilho, em baixo, parece reta, e a arma é curva.

    Me perguntei se a coronha não apareceria por baixo da mão dela, ou se esta arma tinha uma coronha curta. Só um especialista em armas, depois de reconhecer a arma, e medir as proporções para ter certeza.

    Acho que o caso ainda não está resolvido.

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