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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

HDR da Lua com nuvens e quebrando regras

Faz algum tempo que quero fazer um HDR com a Lua, de modo que aparecessem as suas crateras e vales, e as nuvens do céu iluminados por ela, e a dias tenho planejado isto. Fiz alguns testes, até que tive uma nuvem razoável e uma boa Lua crescente.


Deu um bom trabalho, e quem quiser saber os detalhes técnicos, e sobre a quebra de regras mencionada no título, é só continuar lendo (Em alguns casos pode ser necessário clicar no "Continua...".).

A Lua não é um objeto estático no céu. Um dos testes, com uma paisagem, tive exatamente este problema, o deslocamento da lua. Então teria que fazer um tempo de exposição não muito longo para não perder a nitidez, o intervalo entre as fotos teria de ser curto, e com o mínimo de exposições possível.

Existe uma regra em HDR que diz que todas as exposições tem que ter a mesma abertura, para que o foco se comporte de forma igual em todas as exposições. Para que tudo esteja com o mesmo foco, e o mesmo desfoque, entre as exposições. Mas quando toda a cena está no plano de foco, esta regra não precisa ser seguida. E como a Lua e as nuvens estavam longe, assumi como estando no mesmo plano, no infinito.

Um HDR é feito com múltiplas exposições diferentes. É comum usar o bracketing da câmera, sendo que o mais comum é fazer uma exposição medida pela câmera, uma mais exposta e uma menos exposta. Mas esta cena toda tinha basicamente duas coisas, a Lua e as nuvens, então só precisamos de duas exposições, uma para a Lua e uma para as nuvens.

Então usei, ao contrário do normal, o mesmo tempo de exposição nas duas fotos, para que, qualquer objeto que aparecesse bem definido nas duas exposições, estivesse com o mesmo blur de movimento. Ambas foram com meio segundo de exposição e ISO 200. A lente usada foi uma 70-300mm F4.5-5.6 VR, em 300mm.

A exposição na qual só aparece a Lua está abaixo, e foi feita com F40. Note que as nuvens não aparecem.


A exposição para pegar as nuvens foi feita com F5.6, e é mostrada abaixo. Note que a lua é uma mancha superexposta.


Controlei a câmera pelo celular usando o aplicativo DslrDashboard. Isto me permite mudar rapidamente as configurações sem tocar na câmera. Já previa problemas de deslocamento da Lua, e não queria acrescentar um deslocamento da câmera.

Mesmo com poucos segundos (8 segundos conforme as datas no EXIF) entre as exposições, tive deslocamento na posição da Lua, e na hora da fusão das imagens tive que fazer o devido ajuste para se encaixarem. Um intervalo menor entre as exposições diminuiria a diferença de encaixe.

No final da edição percebi que não retirei o filtro da lente, o que pode diminuir a nitidez (e acho que criou um reflexo indesejado na imagem). Pensei em refazer as fotos, mas as nuvens já tinham ido embora. Vai ter que ficar para outra vez.

Poderia aumentar o ISO, o que me permitiria uma imagem mais nítida da Lua, usando um tempo de exposição menor, mas isto poderia realçar o ruído do sensor e diminuir a faixa dinâmica, e como HDR é faixa dinâmica, então resolvi não fazer isto. A diminuição da faixa dinâmica poderia não ser problema se sobrasse o suficiente para representar o que eu desejasse nas exposições. Aliás, a faixa dinâmica nem sempre precisa ser contínua.

Aliás, eu não sou obrigado a manter a relação de níveis de exposição entre as imagens na hora da fusão, mas resolvi manter.

Existe equipamento de astronomia que resolveria alguns problemas, pois poderia manter a câmera acompanhando a Lua. Isto eliminaria problemas de tempo de exposição, borrão de movimento, ajuste de encaixe das imagens etc. Mas não tenho acesso a este equipamento.

Acho que posso dizer que obtive um bom resultado, mas poderia ter sido melhor com os recursos que eu tinha, e ainda melhor com recursos que não tinha disponível.

2 comentários:

  1. Tivemos a mesma ideia ontem. Vi um círculo colorido enorme em volta da lua e pensei: vou fazer uma HDR. Mas me distrai e acabei não fazendo.
    Parabéns por concretizar e ainda escrever o artigo!

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    1. Muito obrigado.

      Eu escrevi o artigo por que tive que fazer de uma forma diferente da usual, e resolvi ensinar como fiz. A forma usual talvez não tivesse funcionado bem.

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