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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Longa Exposição - Dicas e truques

Li o artigo da Claudia Regina sobre longa exposição (recomendo a leitura do blog dela e do artigo em questão.) e gostei, mas me lembrei de uns truques extras que conheço, então resolvi falar sobre eles.

Foto com 4 minutos de exposição da Baia de Paraty, vista da Terra Nova, perto do cais. Para mais detalhes veja isto.

Estabilizadores de imagem

Se usar tripé, ou qualquer outro meio que fixe a câmera, desligue o estabilizador. Mesmo no meu teste com a Nikon de 90 só tendo mostrado problema no bracketing, a Nikon recomenta desligar estabilizador quando usar o tripé. (Eu ainda preciso fazer um teste sério do estabilizador em longa exposição.)

Abaixo algumas imagens do teste do estabilizador de imagem da lente. Bracketing de 3 fotos.


Isto parece também valer para a Canon, e não duvido que seja válido para a maioria das câmeras e/ou lentes que tenham estabilizador.

Espelho da câmera

Algumas câmeras antigas, e acredito que algumas modernas também, tem o recurso Mirror Lock-Up que consistem em subir previamente o espelho e deixá-lo travado no alto. A Nikon F2 tem este recurso.

Algumas câmeras não tem este recurso, como a D90, mas tem um outro interessante. Subir o espelho cerca de 1 segundo antes de fazer a foto. Pode usar este recurso mesmo que esteja fazendo a foto sem tripé, fazendo à mão. Neste segundo a vibração do apertar do botão pode ser amortecida.

Tripé ou apoio firme

Claro que tripé é bom, quase fundamental, mas na realidade você precisa é de um bom apoio. Uma vez usei um banco de praça e o saco de ração da minha gata, que eu levava para casa.

Câmera Panasonic FZ28, 5 segundos de exposição, ISO 400, F3.4. Em cima de um bando sobre um saco e ração para gatos. O barco estava encalhado na maré baixa.

Com prática também se consegue algumas proezas, como uma vez que segurei 2.5s à mão. Claro que o estabilizador ajudou, mas mesmo assim é uma proeza, e a foto ficou quase perfeita.

Baia de Paraty. Foto ao estilo 4 minutos ao luar, mas foram 2.5 segundos de exposição, com ISO 3200, e F3.5.

Baixa sensibilidade

Se está usando apoio, e a ideia é fazer longa exposição, então use baixa sensibilidade, um ISO baixo, preferencialmente a "sensibilidade natural" do sensor. Isto aumenta a faixa dinâmica e evidencia menos o ruído eletrônico. Na Nikon D90, e em muitas outras, a "sensibilidade natural" do sensor é o ISO 200, mas em outras é ISO 100.

Claro que existem exceções, como a foto de 2.5 segundos e ISO 3200 mostrada acima, mas costumam ser raras, e o caso acima era quase caso de desespero. Ou fazia assim, ou voltava para casa para pegar o tripé perdendo o show de abertura da FLIP 2012. Confesso que fiquei tentado de largar tudo, voltar para casa, pegar o tripé, e fazer mais uma sessão de fotos de 4 minutos ao luar. A lua estava incrível.

Alinhamento e nível

Isto é importante para manter o horizonte reto. O meu tripé tem um nível bolha, mas tem vezes que é difícil de ver no escuro. Por isto que uso uma lanterna. Por isto que sempre tenho uma lanterna comigo (assunto que vai ser tratado adiante).

Também pretendo comprar um nível de sapata de flash, pois acredito que em algumas situações ele seja mais prático de ver.

Atraso

Pode usar o atraso na foto em 2 segundos, tanto quando fizer à mão quanto no tripé. Este tempo será usado para amortecer a vibração do apertar de botão. Já usei este atraso fazendo fotos de décimos de segundo (1/2.5 s, por exemplo) à mão.

Mas minhas fotos de 4 minutos exposição eu configurava o relógio do grip Jenis para fazer o atraso, e usava vários segundos. Já que estava usando o temporizador do grip para fazer a foto, por que não usar para fazer o atraso também?

A opção de levantar o espelho, esperar um segundo, e fazer a foto, como falado acima, também ajuda. Também é um atraso.

Problemas de foco e de ver o enquadramento

Quando existe muito pouca luz, o sistema de autofoco tende a falhar, a errar o foco, e muitas vezes ele não consegue fazer o foco.

Ainda existe o problema de não conseguir ver o enquadramento, como acontece com a minha Panasonic FZ28, e em outras câmeras baseadas em live view.

Como resolver isto? Abaixo eu explico algumas soluções.

Lanterna e LASER pointer

Alguns fotógrafos usam lanternas com foco ajustável, para gerar um foco de luz de longo alcance para iluminar algum ponto da cena, e assim conseguem usar o autofoco, ou fazer o foco manualmente. Uma lanterna destas custa cerca de R$ 50.00, ou menos. São potentes, pequenas, e usam LED. São uma boa opção.

Com uma lanterna destas melhoram as chances de ver a cena através do Live View da câmera.

Mesmo a lanterna parecendo uma boa opção, eu prefiro usar um LASER pointer, por sua precisão, potência e alcance. O ponto luminoso do LASER pointer é bem intenso, pequeno e bem marcado.

Aviso: O LASER NÃO deve atingir o olho de ninguém, pois pode machucar a retina, inclusive causar danos irreversíveis. Portanto cuidado.

Esta foto só foi possível com a ajuda de um LASER pointer. Estava escuro demais para a câmera conseguir fazer o foco, e eu não via o suficiente para tentar o foco manual. Então apontei o LASER para o barco, e pedi que a câmera fizesse o foco. Logo em seguida desliguei o autofoco e pedi que fosse feita a foto. Foram 4 minutos de exposição com a cena iluminada pela sua cheia.

A técnica de foco com LASER consiste apontar o LASER para o ponto onde quer o foco. A área de foco da câmera tem que estar selecionada para aquela região da cena. Aperte o botão de disparo até o meio, para que a câmera faça o foco. Uma vez o foco feito, pode largar o botão de disparo e desligar o LASER. Desligue o sistema de autofoco. Eu prefiro desligá-lo no corpo da câmera, para não correr o risco de tocar no anel de foco ao desligar na lente.

A outra opção, e é a que eu uso com a minha Panasonic FZ28, é travar o foco. Aponto o LASER para o ponto onde quero o foco e aperto o botão de trava de foco, A câmera faz o foco e eu desligo o LASER. Então posso fazer a foto. As DSLRs geralmente tem um botão que pode ser configurado como trava de foco, mas na minha Nikon D90 está configurado como trava de exposição.

O uso do LASER não se restringe em ajudar no foco. Ele pode ajudar no enquadramento. Nas câmeras baseadas em live view, que não conseguem mostrar imagem no visor quando tem muito pouca luz na cena, a solução é passear o ponto do LASER pela cena, e ver ele passeando na imagem do visor, e assim ver se está tudo bem enquadrado.

A LASER pointer não substitui por completo a lanterna. A lanterna pode lhe ajudar a andar pelos locais escuros onde você  se meter para fazer as fotos, e ver o medidor de nível do tripé. Eu gosto neste caso de usar uma lanterna de testa, pois deixa as minhas mãos livres.

Filtros polarizadores = Filtro ND variável

Eu não tenho filtros ND, mas uso um par de filtros polarizadores (não circulares), como filtro ND variável. Se coloco em "contra-fase", i.e., um alinhado em 90 graus contra o outro, consigo atenuar quase toda luz. Consigo até fazer relativamente longas exposições ao sol.

Note que a cena está com sol, a ponto de ter sombras bem marcadas, mas as asas dos pombos estão borradas.Esta foto foi tirada às 13:55 no dia 25/04/2010. Câmera Panasonic FZ28, ISO 100, 1/20 s, F8. Segundo a regra Sunny 16, o tempo de exposição deveria ser de 1/400 s sem os filtros, ou seja, usei 20 vezes mais tempo que teria que usar se não estivesse com filtro. Minutos antes fiz uma foto com 1/2 s de tempo de exposição.

Durante os testes acima consegui tempo de exposição superior a um segundo, mas começaram a aparecer distorções de cores.

Note uma mancha tênue. Este é um pedestre atravessando a rua em diagonal, diante da câmera. Ele quase desapareceu na foto. Câmera Nikon D90, 1 s, ISO 200, acredito que F16, pois é a abertura mínima da lente 50mm F1.4 Ai-S. Segundo a Sunny 16, eu deveria usar 1/200 s nesta cena, se não estivesse usando os filtros.

Variando o ângulo de polarização entre os filtros consigo variar a atenuação. Assim podemos atenuar a luz que entra na lente de só um pouco, até muito, aumentando o tempo de exposição em até algumas centenas de vezes.

A Kenko lançou um filtro assim, baseado neste princípio. Maiores informações nesta notícia do Resumo Fotográfico.

Atualização: Vale a pena ver um artigo posterior a este, editado dia 27/02/2013, falando da experiência de fazer fotos com 30 segundos ao sol.

Para-sol e proteger a lente

Para-sol é sempre importante. Seja para proteger a lente e o filtro de impactos, como para proteger do sol, tal como o nome diz. Mas a finalidade dele vai além do sol.

Eu já tive um flare forte, mesmo usando para-sol, dentro do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, quando a luz que ilumina a plateia enquanto ela entra e sai, antes e depois do show, estava ligada. Por um golpe de sorte a lâmpada estava numa posição que fazia a sua luz passar entre as pétalas do para-sol e atingir a lente. Que bom que durante o show esta luz fica apagada.

Você pode ser pego de surpresa por um flare, glare, luz batendo na lente e/ou no filtro vindo por qualquer lado etc, como o caso que citei acima. O para-sol diminui o problema, o que já é motivo para sempre usá-lo, mas nem sempre resolve.

Outro truque é usar qualquer coisa, inclusive o seu próprio corpo, para fazer sombra, matando qualquer luz indesejada que bate na lente. Usar o atraso na foto pode facilitar nesta hora, pois lhe dá tempo de se posicionar, ou posicionar a sua mão, ou qualquer outra coisa, por volta da lente para fazer sombra. Use, sempre que possível, objetos pretos ou o mais escuro possível para fazer esta sombra.

Foto de longa exposição estragada pela iluminação da rua vinda da esquerda.

A foto acima foi estragada com a luz vinda da esquerda. Era a iluminação pública da rua atrás de mim. Tinha um poste à esquerda, e a luz dele estava batendo no filtro que protege a lente, mesmo com o para-sol. Em uma cena com muito pouca luz e 4 minutos de exposição, esta anomalia se sobressaiu.

Não era possível, pelo menos facilmente, eu ver que estava batendo esta luz na lente, pois estava na beira do Rio Jabaquara, em Paraty, e não tinha posição para ver a lente de frente. Não dava para me deslocar para a posição que faria sombra, e não seria fácil ficar 4 minutos com o braço parado, com a mão fazendo sombra na lente. A solução disto foi inusitada.

Eu estava usando uma lente 18-105mm F3.5-5.6 VR, que usa filtros 67mm. A lente 70-300mm F4.5-5.6 VR também usa filtros 67mm, e eu estava com ela na bolsa. Eu estava usando a 18-105mm na posição de tele. Então me veio à cabeça: Se as duas lentes usam o mesmo filtro, será que o para-sol de uma não se encaixaria na outra? Testei e encaixaram. Então a questão era se estava com zoom suficiente para não ter vinheta. Só fazendo a foto para ter certeza. O resultado está abaixo:

Foto refeita, com o para-sol "emprestado" da outra lente.

Luz entrando pelo visor

Fiz um teste com um flash para ver se a luz vinda de trás, entrando pelo visor, penetrava na foto. Nos meus testes não penetrava, pelo menos de forma significante na Nikon D90. Aparentemente o espelho, quando sobe, sela o compartimento de quase toda luz que venha do visor.

Todas as câmeras que se baseiam em live view, como as Ultra Zoom, não tem este problema.

A Nikon F90, de filme, chega a ter um obturador de visor. É uma pequena alavanca que fecha o visor, para proteger de luzes que venham por trás. Não duvido que tenham muitas outras câmeras assim.

Mas a luz que entra por trás pode afetar o fotômetro, como já vi acontecer, e é por isto que as câmeras vem com uma tampinha (que perdi no meio de 2012) para fechá-lo.

Quando se olha pelo visor, o seu próprio olho fecha o visor, protegendo-o da luz que vem de trás. Mas se não está olhando por ele, a luz que vem de trás afeta, então cuidado. Tampe-o mesmo que seja olhando ou com a mão, quando estiver fazendo a fotometria.

Já estou a algum tempo pensando em fazer um artigo sobre isto, e talvez faça em breve. Atualização: Fiz o teste e publiquei o artigo no dia 26/02/2013. Ele pode ser lido aqui.

Planejamento e oportunidade

Tem cenas que aparecem por oportunidade, como o barco encalhado pela maré baixa que fotografei apoiando no banco de praça e no saco de ração. Mas planejamento ajuda muito. Você pode planejar o que fazer, como fazer, quando fazer, e o que vai precisar.

Uma vez planejei fazer uma série de longa exposição de barcos. Mas barcos se movem sempre, dificilmente param quietos, especialmente quando tem correnteza e/ou vento, e assim ficam borrados. Então tinha que fotografar quando a maré baixasse o suficiente a ponto do barco encalhar. Escolhi a data e a hora usando a tábua de marés, e tive uma janela de cerca de 3 horas para fazer as fotos.

Tem vezes que o planejamento e a oportunidade se juntam. Você planeja algo, e então surge uma oportunidade para ser aproveitada com base no que você tinha planejado. A foto dos pombos mostrada antes, com as asas borradas, foi uma oportunidade que surgiu na hora. Eu tinha planejado fazer os testes da dupla de filtros polarizadores, tendo movimentos borrados de dia, e quando vi os pássaros resolvi aproveitá-los. Enquadrei, fiz a medição, e esperei que eles levantassem voo para fazer a foto.

Não se esqueça de incluir coisas não relacionadas à fotografia no planejamento, como ver a previsão da meteorologia, levar barrinhas de cereais ou algo para comer se for passar muitas horas fotografando sem ter onde comer por perto, guarda-chuva etc. Por exemplo, eu não levei o casaco na noite que fiz a primeira foto deste artigo, e sofri muito com o frio (mas valeu pela foto... rs).

Desaparecer pedestres

Fotos loga exposição podem ser usadas para fazer o desaparecimento das pessoas que passam pela cena. Por exemplo, o pedestre na foto com os filtros polarizadores mostrada anteriormente foi bem atenuado, e se o tempo fosse superior a 10 segundos talvez tivesse até desaparecido. Mas se for de noite e a pessoa estiver com algo muito luminoso, como um celular com a tela ligada, um brinquedo luminoso etc, pode aparecer um rastro.

Carros com lanternas ligadas também deixam rastro, e esta pode ser a intensão da foto.

Ponte da Jabaquara, Paraty-RJ. 4 minutos de exposição. Os carros passando pela ponte, não só iluminaram a ponte, como deixaram rastros dos seus faróis, mas os carros em si não aparecem.

Aliás, longa exposição com fontes de luz se movendo na cena é o princípio do Light Painting. Em muitos casos a pessoa que usou a lanterna em cena não aparece, ou só aparece em uma dada posição por que foi usado um flash para fazer com que ela aparecesse naquela posição.

Câmera Panasonic FZ28, ISO 1600, F2.8, 60s de exposição.Feito no Blackout de 10/11/2009 (Esta foto foi na madrugada de 11/11/209.). A cena estava tão escura que tive que usar duas lanternas de celular, apoiados no tripé, para iluminar a cena (Tempos depois me toquei que poderia ter usado um disparo de flash.), e escrevi no ar com a lanterna de testa, na opção de luz vermelha. Eu quase não apareço na cena.

Criança com um brinquedo luminoso. Nikon D90, lente 50 mm F1.8 AF, ISO 400, F1.8, 1/4 s. Um brinquedo destes facilmente poderia deixar um rastro se passasse na cena durante uma foto de longa exposição.

Mas quando são pedestres demais, muitas pessoas, o longo de boa parte do tempo de exposição, a longa exposição não faz com que elas desapareçam, só faz que se tornem uma massa disforme e anônima de pessoas. Ou seja, a longa exposição só faz com que desapareçam se forem somente algumas poucas pessoas, e que estejam em movimento. Elas desaparecem por que  ficam "diluídas por toda a exposição".

Note que as pessoas na passarela sobre a maré alta ficaram indistinguíveis, mas pode-se ver que tem uma multidão passando pela passarela. Festival da Pinga de 2009, Paraty - RJ. Igreja Matriz e praça da Matriz. Panasonic FZ28, ISO 100, F8, 10 s

Outras perturbações

Existem algumas perturbações que podem prejudicar, e até destruir a foto em uma longa exposição. Muitas delas já foram faladas, como carros, pessoas, objetos luminosos etc, passando diante da câmera. Mas não são as únicas.

A nitidez das fotos pode ser prejudicada por detalhes bem curiosos, como trepidações e vento. O vento pode fazer com que o tripé se desloque, ou até balance ou vibre. Pode usar o seu corpo com quebra vento nestas horas. Uma ideia doida é usar um guarda-chuva como quebra vento, desde que ele não toque de forma alguma o tripé.

A trepidação é outro problema. Alguns prédios tem uma pequena vibração. Passarelas vibram. Pontes vibram. Estas vibrações podem ser causadas pelo vento, por carros e/ou pessoas passando, maquinários, ondas em rios e mares etc. Então não fique andando por volta da câmera, e nem batendo o pé no cão. fique parado, ou fique longe.

Estudo de um caso

Selecionei uma foto para o estudo de caso que engloba muitas das dicas acima mencionadas. Este é o tipo de foto que o tempo gasto na preparação foi muitas vezes superior ao tempo de exposição, e esta preparação começou dias antes, acho que semanas antes.

Barco encalhado na maré baixa. Panasonic FZ28, ISO 100, F3.7, 60 s.

Esta é uma das fotos de longa exposição de barcos, que, como falado anteriormente, foi planejada com grande antecedência, escolhendo uma noite de maré bem baixa, para que a maioria dos barcos estivessem encalhados. Nesta noite foram feitas muitas fotos em um período de duas horas e meia aproximadamente, mas esta foi uma das mais trabalhosas, se não a mais trabalhosa.

A foto foi tirada de cima da ponte do Pontal, que na época estava sendo reconstruída. Então não passavam carros, e ela tinha massa e rigidez suficiente para que as pessoas não causassem grandes vibrações andando nela.

O tripé foi ajustado para compensar o desnível da rampa da ponte. O nível bolha dele ajudou. A câmera estava em um ponto bem iluminado, que é bom para ajudar na preparação, mas péssimo para fazer uma foto de longa exposição, como falarei adiante.

O barco estava em um ponto muito mal iluminado, a ponto da FZ28 não ter imagem no visor. Como então faria o foco e ajustaria o enquadramento? A minha experiência ajudou a fazer um chute inicial, já deixando em uma posição próxima da final, mas depois usei o LASER, passeando-o no casco do barco, para conferir e corrigir o zoom e o enquadramento.

Uma vez tendo o enquadramento feito, era hora de fazer o foco. Apontei o LASER para um ponto do casco do barco, e pedi uma trava de foco. A câmera fez o foco no ponto do LASER, e travou. Enquanto eu não refizesse o zoom, a câmera não fosse desligada ou não destravasse o foco, estaria com aquele foco.

Ajustei o atraso para 10 segundos, pois precisava proteger a lente da câmera. Na preparação vi que um dos fortes holofotes que iluminavam a ponte, jogava luz diretamente na lente, e nem o para-sol estava protegendo o suficiente. Nestes 10 segundos de atraso eu me coloquei entre a câmera e o holofote, fazendo sombra, e assim protegendo a câmera do holofote.

O tempo de preparação foi bem maior que os 60 segundos de duração da exposição, e a série de fotos começou com um planejamento básico bom tempo antes.

Como pode notar, esta única foto envolveu uma grande gama de coisas faladas anteriormente. É comum precisar várias etapas e muitos cuidados para fazer uma foto de longa exposição. Isto é comum em muitos tipos de fotografia.

Uma observação. O barco atrás deste não estava encalhado, e isto mostra bem a dificuldade de fazer fotografia de longa exposição de barcos.

Raios - Uma aplicação curiosa

Fotografia de longa exposição também pode ser usada para fotografar raios de noite. A longa exposição lhe dará a cena de noite, e o raio é tão brilhante que, mesmo tendo durado um tempo absurdamente curto, ficará marcado na foto. Neste caso ainda precisa de sorte, e fazer muitas fotos seguidas, para que uma pegue um bom raio. Com sorte terá muitas boas fotos de longa exposição, sendo que alguma(s) com raios.

Sobre a passarela metálica do Rio Perequê-Açú, em Paraty. Panasonic FZ28, ISO 100, F8, 40 s de exposição. Foram várias tentativas, mas nesta obtive sucesso. A prioridade era o céu, e a composição ficou ruim, mal equilibrada. No canto superior direito dá para ver um pouco de vinheta, que é o efeito colateral de usar o filtro polarizador para atenuar a luz que entra. A grandes angulares não se dão  muito bem com filtros.

Requisitos pessoais e conclusões

A fotografia de longa exposição é um trabalho de paciência e meticulosidade. Não se assuste se descobrir que passou mais tempo preparando o equipamento, enquadramento, medição etc, do que a longa exposição em si, mesmo que ela seja bem longa. Isto é muito comum.

Não são todos que tem paciência, e não são todos os dias que se tem paciência, para isto. Já me falaram que era coisa de louco fazer fotos de 4 minutos de exposição. Imagino o que falariam dos que fazem fotos de horas de exposição, incluindo neste grupo os astrofotógrafos, que se errarem o ajuste de um tripé motorizado, mesmo por um erro pequeno, podem ter desperdiçado toda a noite de trabalho.

É um trabalho exigente tecnicamente, psicologicamente, inclusive fisicamente em alguns casos, mas é comum ser muito gratificante ver o resultado. Dá um gosto delicioso de conquista quando fica bom.

Notas

As fotos aqui mostradas foram tiradas com uma Nikon D90, exceto quando mencionado em contrário, e nestes casos foram com uma Panasonic FZ28. Para entender melhor a minha relação com estas duas câmeras leia Ultra Zoom e DSLR, como fazem parte da minha vida.

Acho que exagerei um pouco. De dicas quase virou um curso. Aliás, se alguém estiver interessado em um curso, um workshop de fotografia de longa exposição etc, deixe comentário pedindo.

11 comentários:

  1. João, seu blog é muito legal, cheio de informações úteis. Vim do blog da Cláudia Regina - grata surpresa: nesse post você se superou. Virou favorito. Abração!

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  2. Ótimas dicas! Gosto muito dessas fotos de longa exposição, estou querendo começar a tentar, será que consigo algo com minha Nikon D40?
    Abraços

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    1. Consegue sim. Tem até 30 s de exposição e modo Bulb, então consegue. Pode vir a precisar de um controle remoto para mais de 30 segundos.

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  3. Ola, parabens pelo Blog. Gostaria de saber como faço uma de exposiçao longa de uma paesagem com alguma pessoa em foco tambem. Tentei fazer usando o foco no infinito e dando um disparo do flash mas ficou meio fantasma. Obrigado.

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    1. A pessoa tem que ser "meio estátua", não pode se mover, senão borra. Veja as asas dos pombos, a pessoa passando diante da câmera na foto da rua, e as pessoas na passarela sobre a maré alta.

      Se o tempo for longo demais a pessoa pode não conseguir ficar parada. Talvez ela deva ficar sentada, encostada em algo, etc. Já vi uma na qual a garota estava de biquini na praia, deitada na areia, como se estivesse pegando sol, mas com estrelas no céu.

      Se o fundo onde a pessoa está fica totalmente escuro, e o lugar onde está a pessoa tem pouca luz, pode iluminar a pessoa com um pulso de flash e ela pode logo sair da cena logo depois, e assim não deixa rastros dela ali. Se o fundo de onde está a pessoa não fica preto na foto, aparecerá uma "dupla exposição", ou quase, com a pessoa e o fundo.

      O uso do flash pode trazer um problema de equilíbrio de branco, então pode ser necessário edição, ou a colocação de filtros no flash. Já vi converterem para Preto e Branco para desconsiderar problemas de cor de iluminação.

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  4. Foi uma sorte ter encontrado o seu blog. Fiquei encantada com seus truques e a competência que você tem para fotografar. Vou ler o seu artigo e seguir o seu blog.
    Sou estudante de fotografia e tenho uma Nikon D90, mas ainda não sei explora-la , pois acabei de ganhar. É um brinqudo difícil de ser desvendado. Um grande abraço.

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    1. Ela tem muitos recursos. Tem recursos que nunca usei, e tem alguns que acho que sou um dos poucos a usar. Você tem bastante coisa para estudar e possibilidades para explorar.

      Boas fotos. Divirta-se.

      E obrigado pelos elogios. Eles são sempre bem vindos.

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  5. Ola joão gostaria de fotografar a via lactea com exposição de 30 segs, a Canon PowerShot SX510 HS possui esse recurso? qual camâra na faixa de preço dela tem esse recurso obrigado honorio sergio

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    1. Não sei o limite de tempo de exposição desta câmera. O manual e as especificações dela devem informar.

      Um problema de fotografar estrelas é que elas não param, e vão deixar rastros. Muitos fotógrafos de astronomia usam equipamentos motorizados para acompanhar as estrelas.

      Mas para fotografar a Via Láctea sem ter rastros significantes das estrelas o tempo de exposição não pode passar de poucos segundos, e para isto deve precisar de lente clara (numero F bem baixo), noite de lua nova (ou sem lua), um lugar longe da civilização (ou um black out de grande porte). Pode ser que precise usar ISO alto. Só testando na hora para saber. E deve usar o modo manual. Se deixar a câmera decidir por conta própria ela fará besteira.

      O tipo de foto que você quer fazer eu não fiz ainda. Quando tive a chance em 2009, com um grande black out que apagou o sul e o sudeste do Brasil, o céu estava nublado. Pelo menos fiz Light Painting.

      Desculpe-me a demora na resposta.

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    2. Achei as especificações. Pelo que li, o tempo máximo de exposição máximo é de 15 segundos. Deve dar para brincar, mas não dá para fazer muita coisa em relação à longa exposição.

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